quarta-feira, agosto 31, 2005

Turn on the Bright Lights

Interpol, Turn on the Bright Lights
Interpol
Turn on the Bright Lights
Matador, 2002

Manchester, início dos anos 80. Acertei? Não… Os Interpol são Americanos, de Nova Iorque. Usam fatinhos engomados mas felizmente não são mais uma daquelas bandas post-punk que usam muito barulho para se fazer ouvir.
As aparentes semelhanças com os Joy Division (ou mesmo com os R.E.M. dos primeiros anos) podem levar o ouvinte menos atento a estampar-lhes o rótulo de plagiadores e afastar-se da beleza da sua música. Até porque a voz do vocalista Paul Banks tem um timbre muito semelhante à do vocalista de Manchester. Pelo meu lado, tenho a confessar que nunca ouvi muito Joy Division (nos anos 80 eu consumia mais Pop), mas estou certo que se Ian Curtis ouvisse estes miúdos de Nova Iorque se deixaria tocar pela beleza sombria da sua música.
O disco está cheio de riffs de guitarra atordoadores, baterias sincopadas que parecem não parar e coros de uma energia hipnotizadora. As letras são simples e melancólicas e toda a predominância é dada ao aspecto sónico das canções. As guitarras ouvem-se, a bateria está lá bem presente, mas não existem exageros em termos sónicos.
Uma mistura fina entre Radiohead, My Bloody Valentine e Ride.
Os pontos altos do disco passam pela valsa triste “NYC”, as pinceladas expressionistas de guitarra em “Untitled” ou o regresso a Substance em “PDA”. Aliás, as cinco primeiras faixas deste CD sofrem de uma coesão tão sublime que só por si fariam deste registo um disco fabuloso. Tal como canta Paul na primeira faixa “Suprise sometime will come around”. Foi isto mesmo que me aconteceu. E que boa surpresa esta.