quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Thunder, Lightning, Strike

The Go! Team, Thunder, Lightning, Strike
The Go! Team
Thunder, Lightning, Strike
Memphis Industries, 2004

OK malta, lembram-se da Rua Sésamo, do MacGyver e dos Soldados da Fortuna? Excelente. Agora fixem-se na música. Misturem-lhe uma pitada de funk dos anos 70, um pouco do hip-hop dos oitenta, meia Pepsi, dois cabelos do Charlie Brown e um cheirinho de Sonic Youth. O que é que dá? Isso mesmo, o álbum de estreia de um sexteto de Brighton apelidado The Go! Team.
Estes rapazes são uma curte e a sua música é puro contentamento. Impossível de catalogar, a música que brota deste colectivo tem elementos de tantos estilos que torna a tarefa de a arrumar num só género inaceitável. Talvez daqui a uns anos a malta comece a dizer que a música de uma qualquer nova banda é do estilo Go! Teamiano... Até lá, e à semelhança de muitas das entradas neste meu blog, este álbum vai direitinho para a prateleira dos discos que me fazem ficar bem disposto. Muito bem disposto.
A faixa de abertura do CD – “Panther Dash” – põe os motores em funcionamento com um arranque rápido e cintilante. O som da harmónica comanda o tema enquanto, em segundo plano, o ritmo da bateria dá o suporte necessário ao surf da guitarra. Aqui e ali, ouve-se uma voz com um contar “one/two/three/four”. Há ruído, coros de cheerleader, trompetes em surdina e uma sirene. Brilhante.
O tema que se segue sintetiza tudo o que o grupo consegue fazer bem. Desde as vozes à la Supremes (todas personificadas pela rapper MC Ninja) ao fabuloso riff da bateria, passando por uma letra incompreensível de efeito exótico e uns toques de electrónica a lembrar a pop dos anos 70 “Ladyflash” apresenta-nos Bollywood no seu melhor! Há quem diga que é a melhor canção de 2004. Exagero, certamente…
“Feelgood By Numbers” faz-nos certamente sentir bem, durante o pequeno par de minutos piano funk que o tema dura. Inexplicavelmente moderno e retro ao mesmo tempo.
Após o retorno das cheerleader em “The Power is On”, chega um dos meus temas favoritos do álbum. “Get It Together” lembra-me o pequenino Michael a tocar flauta no meio dos seus quatro irmãos Jackson. Pure sunshine!
Até chegar à última faixa do álbum – a minha preferida – há música para séries de acção, filmes de Hitchcock, piqueniques de verão e encontros hip-hop. Mas é em “Everybody's a VIP to Someone” que chega o inesperado momento de doçura e saudade. Mesmo à final de western americano. Banjo, harmónica, orquestra de cordas e uma melodia composta para ser ouvida todos os dias ao pequeno-almoço. No meio disto tudo, depois de ouvir os instrumentos de sopro adornarem ainda mais o ramalhete, salta a cereja em cima do bolo: riffs de bateria a fazerem transbordar o copo. Sem palavras.
Decididamente cool e incrivelmente engenhoso, “Thunder, Lightning, Strike” é aquele disco pelo qual estamos sempre à espera, repleto de energia e atitude. Cinemático, fantástico, cheio de pontos de exclamação. É muito bom estar vivo!